sexta-feira, 4 de março de 2011

Capítulo 3 - Do Bairro

            Ah, que maravilha! Chegamos, enfim, ao assunto que mais me agrada de todo o livro: O Bairro. Não, não era um lugar bom de viver. Na realidade, nem mesmo existia naquela época. Acalme-se, leitor, pois eu explicarei. Nessa época, Cubatão não era uma cidade, era apenas um bairro. Isso mesmo! Cubatão só foi emancipada em 1959. Nós estamos ainda no ano de 1955. Porém, mesmo que Cubatão ainda não existisse, já era grande o suficiente para ter pequenas divisões.
           Tudo isso aconteceu pelas redondezas de onde hoje é o Jardim Costa e Silva. Sempre foi uma área engraçada... Primeiro, era marcada por fofocas de vizinhos (como é até hoje, sendo que muitas das mulheres daquela época ainda vivem no mesmo bairro), e, depois, por brigas (muitas vezes resultados das fofocas). Era algo realmente engraçado de se ver! Brigava-se por assuntos tão pequenos, por pequenas visitas, por conversas, e até mesmo por comida. Sim, por comida! Na casa de Rafael, antes de ele nascer, como já disse, era comum o padre Baltazar lá almoçar. Se o padre comia muito, Edgar esbravejava: “Diabo! E ainda reclamam dos comunistas! O problema do mundo são os padres! Esses sim! Plantam a miséria na casa dos outros! Vejam só! Três coxas de frango! Malditos sejam os padres!” se comia pouco: “Ora, esse desgraçado, não contente em me dar o desgosto de o ter aqui dentro, ainda faz desfeita com a comida de minha mulher! Lhe digo doutor: Esses malditos padres vão todos para o inferno! Não que eu acredite nisso, é claro!” Enfim, era algo realmente muito engraçado de se ver. Por volta do ano de 1960, me mudei para lá, para ficar mais perto de meu afilhado. Ah, sim! Sabia que havia me esquecido de dizer algo...

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