segunda-feira, 7 de março de 2011

Capítulo 10 - Do Emprego

Não sei se já lhes disse, mas devo todo meu conforto ao Sr. Edgar. Naquele dia, ele simplesmente se levantou e saiu de minha casa. Só nos encontramos novamente uma semana depois, quando ele apareceu com uma ótima notícia: “Lhe arranjei um emprego na Santista de Papel!”. Mal pude acreditar... a Santista era uma das maiores fábricas de Cubatão. Nunca havia sonhado com aquilo. Então, só o que pude fazer era agradecer-lhe. E acreditem, não há coisa mais difícil que isso! Para um homem daquela época, era uma verdadeira humilhação fazer o que eu fiz, aceitar um favor de alguém para pagar se sustentar. Porém, eu não estava em posição de ter orgulho. As dívidas somente aumentavam, e o dinheiro, que já não existia, parecia diminuir.
            O emprego me ajudava muito, mas não resolvia meus problemas. Eu precisava de uma boa quantia de dinheiro de uma só vez, para poder pagar todas as minhas dívidas. Porém, não contava com uma coisa:

            -Eduardo, disse Edgard, você sabe que pode morar na Vila Fabril, não sabe?
            -Sei sim, senhor, mas acho que ficarei aqui, por ser perto de sua casa. Não quero perder contato com meu afilhado!
            -Meu amigo, você gosta de complicar as coisas... tudo bem, façamos o seguinte: Eu quero uma casa, você quer dinheiro. Unamos o útil ao agradável! Eu lhe compro essa casa, e você pode continuar morando aqui!
            -Nunca! Compadre, eu não posso aceitar tamanha humilhação! Isso não é negociável! Eu trabalho e consigo o dinheiro para pagar minhas dívidas! Mesmo que demore um pouco mais! Não posso aceitar, compadre! Não mesmo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário